Casa Jorge: uma casa-ateliê para Jorge dos Anjos
EVELISE BOTH
ANDREA SOLER MACHADO
Resumo
O presente trabalho surge de uma investigação sobre casas-ateliê para artistas, e pretende apresentar e analisar a Casa Jorge, projeto do arquiteto mineiro João Diniz para o artista plástico Jorge dos Anjos1. Construída em Belo Horizonte, Minas Gerais, trata-se de um conjunto arquitetônico formado pela Casa Preta e pelo anexo-ateliê, construídos durante os anos 2000. Verificam-se aspectos arquitetônicos de implantação, formais, funcionais e construtivos, com foco na interpretação do programa da casa-ateliê, que consiste na coexistência das funções de moradia e trabalho artístico.
A análise aqui apresentada é resultado da combinação entre a revisão bibliográfica, a análise a partir do redesenho do projeto, bem como de informações obtidas com o autor e com o proprietário, e das observações feitas a partir da visita ao local. Emergem desta investigação apontamentos sobre soluções arquitetônicas importantes à dinâmica do programa híbrido, e ainda sobre a singular participação ativa do artista, observada no processo de projeto desta residência.
Introdução
As casas-ateliê caracterizam-se por abrigar um programa híbrido em que coexistem as funções de moradia e trabalho, seja em um objeto único, seja em um conjunto arquitetônico. Cabe ressaltar que o ofício a ser desempenhado nesse espaço é de caráter singular, criativo e subjetivo: o trabalho artístico. Considerada a pluralidade deste trabalho, esta investigação centra-se em uma casa-ateliê para um profissional artista plástico.
Estando o campo da arquitetura habituado ao programa doméstico, interessa observar mais de perto o espaço do ateliê de artista. Segundo Bourriaud (2003, p. 48) o que caracteriza os ateliês de artistas contemporâneos é justamente a diversidade, decorrente das inúmeras possibilidades de matérias primas dessa arte. De Oliveira considera que:
[...] o local do trabalho dos artistas desvela diversas narrativas sobre o seu processo criativo e sobre a eleição de suas técnicas e suas temáticas. São lugares que guardam a memória, a intimidade e os afetos destes criadores. Para alguns, a reclusão e o afastamento de qualquer distração possível são as marcas de seu ateliê. Para outros, seu espaço necessita de evasão e liberdade (DE OLIVEIRA, 2016).
Aproximando-se do tema do programa duplo das casas-ateliê, destaca-se que esse programa não é uma novidade trazida pela contemporaneidade. Já na arquitetura moderna o programa foi recorrente e inclusive um importante meio de sua divulgação no início do século XX. Isso porque em um período embrionário a arquitetura moderna necessitava de um cliente especial, que estivesse de acordo com os pensamentos de vanguarda. Diante disso, os arquitetos do período encontraram esse cliente na figura de muitos artistas. Banham alega que o financiamento da arquitetura moderna neste período vinha:
[...] de uma seção pequena, embora cosmopolita, da sociedade parisiense, que já estava suficientemente sofisticada em termos visuais para aceitar formas arquitetônicas que, embora funcionais e racionais, eram tão pouco convencionais quanto as da arte cubista e futurista. Em outras palavras, a clientela da arquitetura moderna compunha-se de artistas, seus patronos e marchands, e uns poucos visitantes casuais à seção de arquitetura do Salon d’Automne (BANHAM, 2006, p. 347).
Neste caso, além da postura de vanguarda dos clientes artistas, algumas necessidades do espaço do trabalho artístico coincidem com as aspirações modernas. Com isso, as demandas do espaço do ateliê – principalmente por espacialidade e abundante iluminação indireta –, vão ao encontro de soluções propostas pela arquitetura moderna, como plantas e fachadas livres e a almejada iluminação e ventilação natural – na busca por ambientes mais salubres.
Assim, a casa-ateliê foi um fértil programa na arquitetura moderna e em diversos continentes 2. Exemplares são encontrados desde o princípio do Movimento Moderno no continente europeu, como a Casa para o pintor Ozenfant de Le Corbusier (Paris, 1922), e diversas casas-ateliê produzidas por este e outros arquitetos neste período. Já na América do Norte, é possível citar a casa Charles e Ray Eames (Los Angeles, 1945-49) – inserida no programa das Case Study Houses. Durante a disseminação e consolidação do modernismo pela América Latina destaca-se a casa para Diego Rivera e Frida Kahlo de Juan O’Gorman (Cidade do México, 1929-30); e ainda a casa de Luis Barragán – para José Clemente Orozco (Guadalajara, 1936-38), menos comentada literatura. No Brasil, pode ser indicada a residência da artista Tomie Ohtake (São Paulo, 1966-68) – projetada pelo seu filho Ruy Ohtake.
Isso posto, este trabalho pretende explorar a Casa Jorge, projeto do arquiteto João Diniz para o artista plástico Jorge dos Anjos, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Projetada em 2002, teve sua obra concluída em meados de 2003. A Casa Preta 3, como é chamada esta edificação, foi idealizada e ocupada em um primeiro momento como casa-ateliê, até o artista optar, anos mais tarde, pela construção de um volume específico para o seu trabalho.
Pretende-se analisar arquitetonicamente a Casa Preta, mas também o anexo-ateliê, a partir de aspectos de implantação, formais, funcionais e construtivos, bem como analisar como sucedeu o processo de concepção da residência. Para a referida análise tomam-se por base as modificações realizadas no local durante os anos 2000. Isto porque tanto as edificações como o terreno tiveram alterações mais recentes, modificações estas que não integram a análise aqui desenvolvida.
Parte-se do pressuposto de que o isolamento entre as funções é algo positivo para uma convivência harmoniosa entre trabalho e moradia. Assim, a hipótese que se quer demonstrar a partir da análise da Casa Jorge - uma casa-ateliê para um artista que produz esculturas de médio porte - é que essa harmonia não depende somente do partido arquitetônico adotado, mas sobretudo das especificidades do ofício a ser desempenhado no local.
João Diniz, o arquiteto
João Diniz atua como arquiteto desde 1989 e o portfólio de seu escritório – João Diniz Arquitetura – contempla trabalhos em diversas escalas da arquitetura. Com atuação significativa na capital mineira, é notável o mobiliário urbano de sua autoria em uma das quadras – trecho da Rua Rio de Janeiro –, do Projeto de Requalificação da Praça Sete de Setembro em Belo Horizonte. Nessas obras o arquiteto concebe bancos, luminárias e marquise em estrutura metálica.
Em sua carreira, João Diniz recebeu prêmios e menções honrosas em diversas oportunidades. Isto ocorreu desde o início de sua atuação profissional em 1989 em que sua equipe obteve o 1º Lugar no concurso BHCentro. Há 20 anos o arquiteto vem sendo premiado em diversas categorias nas premiações anuais promovidas pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB/MG (entre 1997 e 2017). Como menções honrosas pode-se destacar a recebida na IV Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Engenharia em Quito, no Equador, no ano de 2004. E mais recentemente no concurso para revitalização do Mercado de Florianópolis em 2013.
Dentre as produções na obra do arquiteto João Diniz, destacam-se os trabalhos para artistas plásticos. Em sua carreira como arquiteto, Diniz teve diversas oportunidades de projetar para artistas, como no projeto de um ateliê para o escultor Leo Santana. Entre os projetos residenciais – além da Casa Jorge aqui citada –, destaca-se a casa para o ceramista alemão Benedikt Wiertz, esta última em dois blocos, um de casa e um de ateliê, próximos e em comunicação.
O constante contato com este público propiciou oportunidades de parcerias, que resultaram em projetos, obras e exposições. Ao tratar dessas experiências, dois pontos se sobressaem no ponto de vista do arquiteto: o convívio com os artistas e convívio no espaço do ateliê. João Diniz vê o contato com artistas das mais diversas áreas como uma oportunidade para área da arquitetura. Segundo ele “a arquitetura pode, sob diversas maneiras, englobar todas essas artes, e a perspectiva multimídia e transdisciplinar me agrada bastante” (DINIZ, 2007, p. 35). Já com relação ao espaço do trabalho artístico, o arquiteto afirma com um certo fascínio:
Gosto de visitar ateliês de bons artistas, pelo clima envolvente dos trabalhos em andamento, a concisão temática e o ambiente contaminado pelo fazer. Neles aprendo várias lições de arquitetura, cujos espaços de trabalho, o chamado escritório, têm características diferentes, sendo quase sempre mais assépticos e organizados e onde os computadores trouxeram uma nova escala que parece 'ocultar' os trabalhos em andamento (DINIZ, 2007, p. 22).
De todas as colaborações de João Diniz com artistas, certamente a mais constante e que compreende maior diversidade de escalas de atuação e de técnicas de execução é com Jorge dos Anjos (DINIZ, 2007, p. 37).
Jorge dos Anjos, o artista
O artista Jorge dos Anjos é considerado um dos nomes mineiros de maior destaque da arte brasileira contemporânea (SAMPAIO, 2010, p. 32). Premiado nacionalmente, Dos Anjos tem seu nome ligado à participação no Festival de Arte Negra (FAN), realizado em Belo Horizonte. No Brasil, destaca-se a presença de sua obra em museus da capital mineira e no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera em São Paulo.
Jorge dos Anjos é desenhista, pintor e escultor, e apresenta uma obra que busca um diálogo entre a arte contemporânea brasileira e a arte africana (FERNANDES, 2019). Rocha (2012, p. 4) entende que a produção do artista é marcada pela simbologia e estética afro-brasileira e a tradição escultórica concretista. O uso de imagens arquetípicas, que remetem às fontes africanas, faz referência a manifestações como o candomblé e a umbanda.
Sua arte provém do manejo de materiais pesados como aço, madeira, pedra sabão, borracha, mas também de experimentações em telas, papel e materiais como feltro e plástico. Sobre esses materiais, realiza procedimentos principalmente de solda e queima 4.
Esses procedimentos pautados no uso dos elementos ferro e fogo, também estão vinculados à sua matriz cultural. Ribeiro (RIBEIRO, 2017, p. 230) considera que “Jorge não só ressignifica os símbolos das religiões afro-brasileiras, como resgata o fazer artesanal próprio do ferreiro Ogum e do pedreiro Xangô, orixás que o protegem no universo do Candomblé”.
A produção de obras em diversas escalas permite que seu trabalho se relacione com a escala tanto da arquitetura como do urbanismo. Em Belo Horizonte, suas obras estão presentes em espaços públicos e também interagem com importantes obras arquitetônicas da cidade[2]. Além disso, segundo sua biografia no site do Museu Afro Brasil, seus adornos em casas e hotéis obtiveram destaque em revistas renomadas de design e decoração do Brasil e do exterior.
Dos Anjos considera o ateliê uma “casa do fazer”, um lugar íntimo de criação e liberdade, que se complementa com o público e o urbano, ampliando a sua poética para a dimensão coletiva (RIBEIRO, 2017, p. 238). Nas palavras dele:
O espaço do ateliê é um lugar sagrado, é como se fosse um terreiro de Candomblé, onde as coisas se sucedem religiosamente. É no ateliê que construo a minha esperança, penso e busco realizar as coisas, é onde invisto todo o meu projeto de vida. Ao mesmo tempo meu ateliê não é um espaço fechado, é uma casa do fazer que está sempre cheia de coisas e pessoas trabalhando num movimento contínuo [...] gosto do movimento do ateliê, talvez ele tenha até a minha cara, mas por ser um espaço aberto, não acho que seja só meu (DOS ANJOS, 2007, p. 19).
Arquiteto e artista, uma aproximação
A aproximação entre estes personagens ocorreu através do Projeto Sensações, idealizado por outro artista, George Hardy, em 1992. O projeto teve o intuito de unir arquitetos e artistas em torno de um projeto comum: unidades de um hotel cultural na Serra do Cipó, em Minas Gerais. A proposta previa doze unidades, cada uma delas projetada por uma dupla formada por um arquiteto e um artista plástico. Foi nessa oportunidade que ocorreu a aproximação entre João Diniz e Jorge dos Anjos, que teve como produto a Casa Eugênia, uma “irmã mais velha” da Casa Jorge, segundo o arquiteto (DINIZ, 2020a) 6.
Para João Diniz (apud JACOB, 2016), “a ideia principal era conceber uma casa pequena, que tivesse uma área bem aproveitada e tivesse uma sinergia boa com a natureza”. Assim, essa desejada conexão com a natureza manifesta-se no uso de materiais naturais, na varanda generosa no quarto do casal, e na decoração rústica inspirada na cultura afro-brasileira (JACOB, 2016). Tanto paredes externas como detalhes internos da decoração são trabalho de Jorge dos Anjos. Essa integração entre arte e arquitetura está expressa em versos da poesia escrita pelo arquiteto sobre a casa:
Os relevos e painéis de Jorge dos Anjos
Conectam a residência
com Áfricas passadas e futuras
Irmanando gentes, arte,
paisagem e arquitetura. (DINIZ, 2010, p. 26)
Essa “irmandade”, segundo Diniz, não é nenhuma novidade, conforme pontua em entrevista sobre a obra para o jornal Estado de Minas:
A arte integrada à arquitetura é um conceito antigo. É bem presente na arquitetura moderna brasileira, como as obras de Oscar Niemeyer, que sempre trabalhou com Portinari e Athos Bulcão. As artes plásticas não chegam para ‘enfeitar’, mas fazem parte do conceito, da essência da obra. Ela é simples, econômica, barata, fácil de fazer. Alvenaria, telhado sanduíche, tubos de metal reciclados, piso cimentado. Não tem mistério. O valor está na ideia (DINIZ, apud PERUCCI, 2016.
A construção da casa no hotel nunca aconteceu, mas em meados de 1999 o artista decidiu por construí-la para si e para a esposa como uma casa de final de semana em um condomínio em Lagoa Santa 7. Neste caso, o contexto do sítio possibilitou a transposição do seu conceito de cabana de hotel fazenda, para um condomínio residencial.8
A Casa Eugênia foi a primeira experiência de projeto em colaboração de João Diniz com Jorge dos Anjos. Nos anos seguintes muitos projetos foram executados em parceria (DINIZ, 2020b)9.
Foi a partir da experiência de utilização da Casa Eugênia como moradia e espaço de trabalho, que Dos Anjos decidiu construir uma casa-ateliê para si, desta vez como único morador em outro local, e, para isso, contatou João Diniz.
A residência
A residência projetada pelo arquiteto, conhecida como Casa Preta está localizada no bairro São Francisco em Belo Horizonte, Minas Gerais, uma área que fica retirada do centro da cidade, e está mais próxima da Pampulha. Embora o bairro apresente traços industriais e se caracterize pela construção de galpões e lotes murados, o miolo de quadra em que o terreno se encontra ainda dispõe de vegetação natural. O terreno está localizado em um dos pontos mais altos do bairro e tem frente para uma estreita via, a Rua Batalha.
De formato retangular e com dimensionamento de 25 m de frente por 20 m na parte posterior, o terreno apresenta topografia em aclive. Seu perfil topográfico sobe 3 m a partir da Rua da Batalha, em direção ao sul. Na parte leste do terreno encontra-se um antigo abacateiro, e é onde se oferecem as melhores visuais, espaço em que posteriormente foi implantado o anexo.
O encaixe da edificação respeita um recuo frontal de 4 m do passeio e um recorte no terreno busca acomodar a edificação, circundando-a com taludes. Essa estratégia permite que o objeto arquitetônico consiga se relacionar com o nível da rua. Dentro do lote, uma ponte sobre o talude conecta a casa à cota mais alta do terreno. A vegetação presente no terreno limítrofe atua como plano de fundo desta composição (fig. 1).
A proposta inicial optava por uma solução compacta, em que todo o sucinto programa seria resolvido em um único volume. Assim, a Casa Preta, “compositivamente”, corresponde a um volume único constituído de duas partes principais: um prisma de desenvolvimento vertical e uma marquise, que evoca a horizontalidade. Os pilares em “V” são elementos excepcionais que participam e singularizam a composição. De aço corten, estes elementos além de aludir ao trabalho do artista, a partir de um olhar mais abstrato, podem referenciar a produção siderúrgica do estado (fig. 2).
Segundo o arquiteto (DINIZ, 2020a), a solução faz menção ao projeto da Casa Eugênia, transposta para um conceito de casa mais camuflada, escura e cúbica (fig. 3), fazendo oposição ao protagonismo da “irmã mais velha” (DINIZ, 2007, p. 26). Além disso, a caçula tinha o programa voltado para o trabalho do artista, tendo de contemplar um espaço de ateliê. Na descrição do autor, é revelado não só o olhar sensível para as preexistências naturais do terreno, como também para as futuras “inserções” artísticas que o irão complementar:
O sulco no terreno encaixa o cubo de 6,5, a marquise e a ponte ligam os dois níveis conectando a rua à velha árvore do quintal. A moradia do artista é discreta, destacando obras e experiências em curso. O metal está externo, nas esculturas no corte, dobras, soldas e tintas, tesouras, pincéis, carvão, gás e fogo personagens no misto de lar e oficina. Num bairro industrial de paisagem crua entre galpões, carretas e rodovias a casa é uma pequena manufatura de belezas (DINIZ, 2010, p. 26).
Em se tratando de um projeto bastante elementar, a composição da planta é formada por duas figuras retangulares justapostas (fig. 4), correspondentes às funções de moradia e trabalho criativo. Dentro do retângulo fechado, localizam-se os cômodos da casa enquanto o espaço aberto coberto – sob a marquise – se constituía como ateliê.
Com uma planta quase quadrada, o nível térreo admite uma ampla porta de acesso de correr e nenhuma compartimentação. Ao adentrar a residência pelo acesso principal, notam-se, localizados no plano paralelo à entrada, distribuídos em “L”, os únicos elementos e setores fixos do pavimento: cozinha, escada e a porta dos fundos. Assim os espaços são contínuos, ou seja, não há corredor ligando-os.
A entrada da residência se dá sob esta marquise que está alinhada aos portões de acesso ao terreno. A casa também inclui acessos secundários na fachada sul, tanto no térreo como no pavimento superior, através da ponte.
A plasticidade da escada (fig. 5) e a posição perpendicular do primeiro lance em relação ao acesso principal são um convite à subida. Este primeiro lance é um bloco único de laterais fechadas com quatro degraus, sendo três em leque, enquanto os demais apresentam degraus “flutuantes”, em formato de um prisma de base quadrada e área inferior inclinada. As formas são evidenciadas pelas sombras que contrastam com a pintura branca. Um perfil em “I” sustenta e engasta a escada na parede. O guarda-corpo aparece apenas a partir do sexto degrau, dividido em dois módulos; seu desenho alia linhas retas e diagonais.
Na subida ao pavimento superior, avista-se a estante-guarda-corpo (fig. 6), legado da Casa Eugênia, que se projeta sobre o pé-direito duplo. Na chegada a este pavimento, um escritório dá acesso aos poucos ambientes compartimentados da casa. Neste espaço, uma porta-balcão atua emoldurando a vista para o pátio, já que este nível se alinha com a cota mais alta do terreno.
Finalmente, o acesso à varanda é feito através de esquadria idêntica à do piso inferior. Nesta área externa, destacam-se o guarda-corpo e o elemento metálico. O guarda-corpo é um elemento particular, composto por delgados tubos metálicos tem desenho geométrico com linhas diagonais. De cor clara, contrasta tanto com o preto da casa, como com o marrom dos pilares em aço.
Os planos das faces exteriores são integralmente pretos. Na elevação frontal, esquadrias idênticas e únicas, em cada pavimento, permitem a conexão entre interior e exterior. Esta continuidade é incentivada através dos espaços desenhados pela marquise. O material dos pilares que sustentam a marquise faz referência ao trabalho do artista e torna esse elemento o mais expressivo da composição, enquanto a ausência de vigas garante leveza ao conjunto. A oeste, caracterizada como a face que tem maior vista para o pátio, experimenta o contato visual com o jardim através da porta-balcão.
Internamente, a claridade e a simplicidade ampliam os espaços mínimos, ao mesmo tempo em que fazem oposição aos tons escuros usados na fachada, que tem a intenção de “quase desaparecer [...] deixando o destaque para as esculturas do artista ao seu redor” (DINIZ, 2007, p. 26).
O pátio é permeado por obras do escultor, configurando uma galeria a céu aberto. Para Gonçalves e Leyerer (GONÇALVES & LEYERER, 2001, p. 3) “a beleza e a imponência das obras nos proporcionaram uma deliciosa sensação”. Igualmente, as obras invadem o interior das edificações, assim, por cada esquadria em que se olha, há arte e vegetação para serem admiradas. A própria Casa Preta pode-se considerar que participa do pátio-galeria como uma obra de arte.
O artista desfrutou do ateliê aberto sob a ampla marquise por aproximadamente quatro anos e, posteriormente, optou por construir uma edificação específica para seu trabalho.
O anexo-ateliê
Aproximadamente quatro anos depois da obra da Casa Preta, a construção do anexo traspõe o conceito de casa-ateliê contido em um mesmo volume para a ideia de conjunto. O ateliê, idealizado por Jorge dos Anjos como uma casa para as esculturas (UM ATELIER..., 2020), é utilizado, tanto para produção, como para acervo do artista.
A ocupação retangular é implantada junto à divisa oeste, na cota mais alta do terreno. Assim, chega-se ao ateliê através da ponte que se projeta sobre o talude (fig. 7). Volumetricamente, repete a solução da caixa adotada na residência. A paleta de cores também menciona a construção antecedente, invertendo-se a distribuição das cores da residência, predominando o bege sobre o preto (fig. 8). Essas estratégias, somadas à ausência de elementos figurativos na composição, permitem o diálogo com a construção anterior, sem tomar seu protagonismo.
A edificação mede aproximadamente 10 m por 5 m e é composta por dois níveis: térreo e mezanino. A conexão com a casa é estabelecida a partir dos acessos dispostos nas duas faces em comunicação com o pátio, responsáveis por permitir a fluidez na circulação e um percurso contínuo pelo espaço.
Os elementos internos também mantêm a linguagem da casa. Assim, o ateliê espacialmente, configura-se como um galpão com pé-direito duplo e mezanino. A pintura branca, como no interior da residência, confere um plano de fundo neutro para as obras. A cor amplifica a iluminação natural, que vem de janelas horizontais próximas ao teto, e contornam os lados da edificação voltados para o pátio.
Para acessar o mezanino, há uma escada helicoidal metálica branca (fig. 9). Seu corrimão segmentado em vermelho tem o seu ponto de fixação final no formato de seta, como que indicando o sentido da subida, em tom lúdico.
O guarda-corpo do mezanino referencia o mesmo elemento da Casa Preta. Entre pilares, algumas bancadas fixas em concreto são distribuídas. É a disposição das obras pelo espaço que lhe atribui o caráter de ateliê (fig. 10).
Embora o espaço abrigue todos os tipos de obra do artista, nem todos os trabalhos são desenvolvidos dentro deste ateliê, os materiais e processos envolvidos levam o ateliê para o pátio. Portanto, internamente, além das obras expostas na parede, encontram-se obras agrupadas, bancadas de trabalho, estantes e mapotecas.
Segundo Jorge dos Anjos (DOS ANJOS, 2020), concentram-se neste endereço o trabalho de execução das esculturas e outros projetos desenvolvidos em tecido e papel. Ambos compartilham dos mesmos processos na execução – como corte e montagem – e são realizados em equipe. Apenas a pintura é executada em seu apartamento, já que para o artista a linguagem da escultura contaminaria a pintura (DOS ANJOS, 2020).
O processo de projeto
Para o arquiteto (DINIZ, 2020a) – considerando suas experiências em trabalhos para artistas – essa clientela se mostra bastante participativa no processo de projeto, postura que ele julga ser em razão da identificação destes profissionais com a arte da arquitetura. Segundo ele, a visão espacial e o conhecimento de soluções, possibilitam essa interação mais próxima.
O projeto da Casa Jorge não seguiu os procedimentos padrão do escritório. A construção foi erguida a partir de um croqui feito no canteiro de obras e um desenho técnico muito simples, de resto, segundo João Diniz (DINZ, 2020a) “muito desenho na parede durante a obra”. Neste caso pode-se notar que o canteiro de obras é tido como um espaço de criação coletiva, em que permeia a ideia de se projetar quase ao mesmo tempo e próximo de quem executa – conduta possibilitada por uma presença constante no canteiro de obras.
Esse modo de projetar se materializa na realização da escada da residência: uma colaboração entre arquiteto, artista e serralheiro. Sua concepção por meio de moldes de papelão – método utilizado por Jorge dos Anjos no estudo de suas obras – integra um pouco do processo criativo do artista e do fazer artesanal na obra arquitetônica.
Com uma ativa participação no projeto da Casa Preta, no caso da edificação do ateliê, Jorge dos Anjos (DOS ANJOS, 2020) relata divertindo-se ter feito o primeiro desenho, e na sequência, foi um croqui feito in loco pelo arquiteto que guiou a construção.
Considerações finais: a Casa Jorge na contemporaneidade
A observação in loco, cerca de vinte anos após a conclusão das obras, permitiu um ponto de vista privilegiado na investigação. A partir do contato com o artista foi possível se aproximar da vivência cotidiana do programa híbrido, verificando a conciliação de suas funções e implicações.
Embora o fenômeno notado na contemporaneidade seja o trabalho (nas mais variadas áreas) voltando ao lar, a partir do contexto da pandemia da Covid-19 e da necessidade de isolamento, a tendência verificada há mais de uma década na cronologia da Casa Jorge é a ideia de uma distinção, cada vez maior, entre o trabalho artístico e o habitar. Esse afastamento tem início com a implantação do ateliê do artista em outro volume e se encerra na mudança da moradia de sítio, culminando na alteração de seu uso como casa-ateliê.
Apesar da relação de autonomia entre os setores estabelecida com a implantação do anexo – que poderia contribuir positivamente para a dinâmica deste programa – o artista, após ter usufruído do local como moradia e trabalho por cerca de seis anos, considerou prejudicial para si a integração dessas duas funções (DOS ANJOS, 2020).
Entre as adversidades relatadas por Jorge dos Anjos, quando se mora e trabalha em um mesmo endereço, está o envolvimento ininterrupto com o trabalho – um dilema do trabalho contemporâneo que o artista experimentou nos anos 2000.
Porém, especula-se que este ruído apontado por Jorge dos Anjos, poderia estar relacionado, mais do que com a coexistência das funções – que teve em dado momento possibilidade de separação – com o tipo de trabalho desenvolvido pelo artista neste espaço, um trabalho que pelo seu porte não pode ser “isolado”: a escultura. Neste caso, há que se considerar que o próprio Jorge dos Anjos menciona a dificuldade em se “desligar” da escultura, quando se refere ao seu local de trabalho com a pintura.
Por isso atualmente o espaço não é usado com fins de moradia, as duas edificações juntamente com o pátio configuram uma galeria e oficina do artista, que produz e expõe obras nesse local.
Tanto o artista como o arquiteto destacam as constantes reformas e modificações posteriores efetuadas no local. Jorge dos Anjos fez diversas modificações dentro do lote, no ateliê nota-se a ampliação do mezanino e a adição de uma área coberta externa. Ainda, uma laje conectada aos fundos da Casa Preta no nível superior, proporcionou uma zona coberta no térreo. Segundo o arquiteto (DINIZ, 2020a), essas modificações são para abrigar o crescente acervo do artista. Além disso, podem servir ao porte das obras, e necessidades específicas de seu trabalho, em que o ateliê assume caráter de oficina, com um trabalho sobretudo externo.
Transformada conforme as necessidades do proprietário no decorrer dos anos, no presente o projeto permanece em mutação. Para o futuro, Jorge dos Anjos destaca o interesse de ampliar as edificações para receber alunos para residência artística (DOS ANJOS, 2020). Este espírito inquieto do proprietário e o entusiasmo do arquiteto, conferem à Casa Jorge o status de obra viva.
Notas:
1 Este trabalho baseia-se na dissertação de mestrado escrita por Evelise Both sob orientação de Andrea Soler Machado, ambas autoras do presente artigo. Tal dissertação tem o título “Entre habitar e criar: trânsitos da casa-ateliê na arquitetura brasileira dos anos 2000”, e foi apresentada no PROPAR-Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2021.
2 Não menos recorrente, embora à margem desse estudo, foram as casas-ateliês de autor que contemplavam ateliês de arquitetura, como a Casa-escritório de Alvar Aalto (Helsinque, 1922) e a Casa-estúdio de Luis Barragán (Cidade do México, 1947).
3 Para facilitar o entendimento, neste trabalho será denominado como Casa Jorge, o conjunto de projeto, composto pela Casa Preta e pelo anexo-ateliê.
4 Para mais informações sobre a diversidade de formas de expressão, materiais, substâncias e procedimentos utilizados por Jorge dos Anjos em seu trabalho, ver Conduru, 2011.
5 Na capital mineira, destaca-se a obra Portal da Memória, construída na Lagoa da Pampulha com o objetivo de proteger e emoldurar o espaço dedicado à Iemanjá durante a realização dos rituais religiosos afro-brasileiros. Ribeiro (2015, p. 19) considera esta obra uma referência de homenagem aos orixás e da interação do artista com as comunidades afrodescendentes.
6 DINIZ, João. [Informações sobre o material gráfico da Casa Jorge]. 2020a. WhatsApp: [Mensagem pessoal] 28. set. 2020. 2 áudios de WhatsApp (4m18s; 2m14s). Trechos dos áudios encontram-se transcritos no Apêndice da referida dissertação.
7 Na execução algumas soluções tiveram de ser adaptadas. A estrutura de eucalipto e a cobertura vegetal foram substituídas por uma estrutura híbrida em tubos metálicos e alvenarias com cobertura em telhas termoacústicas. Os tubos e telhas foram reaproveitados de uma fábrica, aliam o conceito de sustentabilidade, que no projeto era trazido pelos materiais naturais.
8 O Projeto Sensações foi premiado, na II Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 1993, pelo Conjunto da Obra. A obra Recebeu o Prêmio Obra Construída, do Instituto de Arquitetos do Brasil de Minas Gerais (IAB-MG), em 2002, e foi destaque nas mídias de arquitetura no momento pelo gesto de integração das artes, sendo considerada “obra de arte” destacando sua inspiração na cultura afro-brasileira.
9 A parceria inclui desde obras particulares a intervenções urbanas. Para mais informações sobre esse tema ver: Entrevista concedida por Diniz, 2020b, ou Dos Anjos, 2020. Conversa com João Diniz e Jorge dos Anjos [nov. 2020]. 2020b. Entrevistadora: Evelise Both. Belo Horizonte, 2020. 1 arquivo .mp3 (53m15s). Partes da conversa encontram-se transcritas no Apêndice B da referida dissertação.
Referências
BANHAM, Reyner. Teoria e projeto na primeira era da máquina. 3. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.
BOURRIAUD, Nicolas. O que é um artista (hoje)? Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais UFRJ, Rio de Janeiro, p. 77–78, 2003. Disponível em: https://www.ppgav.eba. ufrj.br/wp-content/uploads/2013/11/O-que-é-um-artista-hojeNicolas-Bourriaud.pdf. Acesso em: 21 jan. 2021.
CONDURU, Roberto. Construção e libido. In: Coleção Jorge dos Anjos. Belo Horizonte: Martinka, 2011.
DE OLIVEIRA, Alecsandra Martins. O ateliê do artista – anotações Jornal da USP, através do buraco da fechadura. São Paulo, 5 set. 2016. Disponível em: jornal.usp.br/?p=37292. Acesso em: 7 ago.2020.
DINIZ, João. SOUZA, Jaqueline Prado de (Orgs.); SILVA, João Fernando Pedro; RIBEIRO, Marilia Andrés; (Org.). João Diniz: depoimento. Belo Horizonte: C/ Arte, 2007. (Coleção Circuito Atelier).
DINIZ, João. Steel life. São Paulo: J. J. Carol, 2010.
DINIZ, João. [Informações sobre o material gráfico da Casa Jorge]. 2020a. WhatsApp.: [mensagem pessoal] 28. set. 2020. 2 áudios de WhatsApp (4m38s; 2m14s).
DINIZ, João. Conversa com João Diniz e Jorge dos Anjos [nov. 2020]. 2020b. Entrevistadora: Evelise Both. Belo Horizonte, 2020. 1 arquivo .mp3 (53m15s).
DOS ANJOS, Jorge. Conversa com João Diniz e Jorge dos Anjos [nov. 2020]. Entrevistadora: Evelise Both. Belo Horizonte, 2020. 1 arquivo .mp3 (53m15s).
DOS ANJOS, Jorge. SILVA, João Fernando Pedro; RIBEIRO, Marilia Andrés; (Coords.); MELO, Janaína (Org.). Jorge dos Anjos: depoimento. Belo Horizonte: C/ Arte, 2007. (Coleção Circuito Atelier).
FERNANDES, Pablo Pires. Jorge dos Anjos mostra retrospectiva de sua obra na Dom Helder/EMGE. Dom Total, [s. l.], 2019. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1342976/2019/03/ jorge-dos-anjos-mostra-retrospectiva-de-sua-obra-na-dom-helderemge/. Acesso em: 5 out. 2020
GONÇALVES, Eliana Toledo; LEYERER, Manfred. Jorge Luiz dos Anjos. In: Coleção Jorge dos Anjos. Belo Horizonte: Martinka, 2011. p. 3.
JACOB, Paula. Casa de 86m² tem arquitetura inspirada na cultura Casa Vogue, afro-brasileira e decoração rústica. São Paulo, 2016. Disponível em: https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Casas/noticia/2016/11/casa-de-86-m-tem-arquitetura-inspirada-na-cultura-afro-brasileira-e-decoracao-rustica.html. Acesso em: 5 out. 2020.
PERUCCI, Gustavo. Casa Eugênia, em Lagoa Santa, se destaca pela Estado de Minas, simplicidade e integração à natureza. Belo Horizonte, 2016 Disponível em: https://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/noticias/2016/07/24/interna_noticias,49512/casa-eugenia-em-lagoa-santa-se-destaca-pela-simplicidade-e-integraca.shtml. Acesso em: 5 out. 2020.
RIBEIRO, Marília Andrés. A diversidade na poética de Jorge dos Anjos. Revista UFMG, Belo Horizonte, v. 22, n. 1-2, p. 16-23, jan./dez. 2015. Disponível em: https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/22/01-Artigo-1-p16-23.pdf. Acesso em: 06 de fev. 2022.
RIBEIRO, Marília Andrés. Uma nova leitura da poética de Jorge dos Anjos. In: Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, Anais eletrônicos... 37, 2017, Salvador. p. 229–239. Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2017/anais/pdfs/Marilia Andres Ribeiro.pdf . Acesso em: 5 out.
ROCHA, Guilherme Massara. Eppuri si muove: cartografia de Jorge dos Anjos. Catálogo da exposição individual de Jorge dos Anjos, Ouro Preto, 2004, Vitória, 2012.
SAMPAIO, Marcio. Risco, recorte, percurso. Belo Horizonte: C/ Arte, 2010.
UM ATELIER e suas obras atemporais. Direção: Falcão Vídeo. Produção: Vênica Lima e Mariana Lima. Belo Horizonte: Vênica Casa, 2020. Vídeo (24m18s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9j0oF6lU17A. Acesso em: 5 out. 2020.
Minicurrículos:
Evelise Both
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Passo Fundo (2014). Mestre em arquitetura pelo PROPAR - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2021).
Correio eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Link para Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7696027584205683
Andrea Soler Machado
Possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1985), mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996) e doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003). Atualmente é professor Titular do Departamento de Arquitetura da UFRGS, membro permanente e pesquisadora do Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura da UFRGS, na área de Projeto de Arquitetura e Urbanismo, na linha de pesquisa Tipologias Arquitetônicas e Morfologia Urbana, com projetos de pesquisa relacionados ao desenvolvimento de métodos de ensino de projeto a partir dos princípios e tipologias habitacionais de Le Corbusier, temas motivadores do Grupo de Pesquisa do DGP-Cnpq intitulado O Habitar Corbusiano.
Correio eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Link para Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0408000433365460
Como citar:
BOTH, Evelise; MACHADO, Andrea Soler. 5% Arquitetura + Arte, São Paulo, v.01, n.23, e197 p. 1-22, jan./jun., 2022. Disponível em: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/periodico/ciencias-sociais-aplicadas/390-casa-jorge-uma-casa-atelie-para-jorge-dos-anjos-2
Submetido em: 2021-06-28
Aprovado em: 2022-02-28
Acessos: 3001