As primeiras residências no bairro de Perdizes são uma constatação de que a cidade é complexa, descontínua e contraditória..
Estas casinhas geminadas são a imagem de uma arquitetura absolutamente desprovida de qualquer noção de concepção. Seu desenho parece ser guiado estritamente por
objetivos utilitários.
Na mesma quadra, vê-se um sobrado implantado em um terreno exíguo. Seu proprietário o construiu com base em sua escala de valores. Como ocorre freqüentemente, o ecletismo deu forma a seu ideal de arquitetura
A cerca de cem metros encontramos um edifício alto-padrão. Sua imagem foi concebida para atender às expectativas de mercado.
Estes edifícios, com os mesmos objetivos, recorrem ao ecletismo pasteurizado;
Ao mesmo tempo, a cidade parece não se preocupar com sua imagem. Como neste caso, recortada por feixes de fios da rede pública;
Ou quando simplesmente desconsidera a relação entre gabaritos e tipologias;
Mas, se a cidade pode prescindir de um projeto, e a arquitetura também, como o desenho pode se constituir em um desígnio?
Esta é uma das esquinas em que a calçada se transforma em uma escadaria; inviável para idosos, deficientes físicos e visuais, ou uma mãe com um carrinho de bebê. Mas quem iria passear pela calçada em uma cidade como a nossa?
Um outro exemplo de desenho de escadas em calçadas. Nota-se a preocupação do comerciante que investe em iluminação de rua como chamariz para o seu negócio, mas, apenas, no trecho que lhe convém – a fachada voltada para a avenida principal.
Ainda seria possível re-humanizar a cidade?
Esta seção se propõe a divulgar questões sobre a cidade. Envie suas fotos e comentários.
Edite Galote Carranza
Mestre pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (2004) dissertação "Eduardo Longo na arquitetura moderna paulista (1961-2001); Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (2013) com a tese “Arquitetura Alternativa: 1956-1979”; foi diretora do escritório de arquitetura e editora G&C Arquitectônica Ltda, editora-chefe da revista eletrônica 5% Arquitetura + Arte ISSN 1808-1142. Publicações em revistas especializadas; livros: "Escalas de Representação em Arquitetura" 5a. edição; "Detalhes Construtivos de Arquitetura" e "O quartinho invisível: escovando a história da arquitetura paulista a contrapelo", 2a. edição; foi Professora da graduação e pós-graduação em arquitetura e urbanismo.
Ricardo Carranza
Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade da USP (2000); foi diretor do escritório de arquitetura e editora G&C Arquitectônica Ltda, editor da revista 5% Arquitetura + Arte e escritor: Antologias de Concursos Nacionais – SCORTECCI, SESC DF; revista de literatura – CULT; sites de Poesia e Literatura – Zunái, Stéphanos, Germina, Cult - Ofi-cina Literária, Mallarmargens, Cronópios, O arquivo de Renato Suttana, Triplov, Gueto, Ruído Manifesto, Pensador, Pixé, Acrobata. LIVROS: Poesia – publicados: Sexteto, Edição do Autor, SP, 2010; A Flor Empírica, Edição do autor, SP, 2011; Dramas, Editora G&C, SP, 2012, Centelha de Inverno, Editora G&C, SP, 2019, Sóis, Editora G&C, SP, 2021. Inéditos – Pastiche, 2017/2018; poesia... 2019. Contos – inéditos: A comédia dos erros, 2011/2018 – pré-selecionado no Prêmio Sesc de Literatura 2018; Anacronismos, 2015/2018; 7 Peças Cáusticas, 2018. Romance inédito: Craquelê, 2018/2019. Cadernos de Insônia (58): desde 2009. ARTIGOS publicados na revista 5% Arquitetura + Arte desde 2005; Pintor, site:carranzapoetrypaintings.art.br